Cientistas deram um passo importante na área de edição genética, criando ratos com características de mamute-lanoso. Mais especificamente, o pelo dos animais apresentou características semelhantes às do animal extinto, sendo longos e ondulados, similares aos do mamute, e não curtos e cinzas como o esperado.
Para alcançar tal feito, os cientistas estudaram variantes genéticas que diferenciam o mamute-lanoso do seu parente vivo mais próximo, o elefante-asiático. Foram mapeadas dez variantes relacionadas ao comprimento, espessura, textura e cor do pelo, além do metabolismo da gordura corporal.
Nesse contexto, destaca-se o gene FGF5 (fator de crescimento de fibroblastos 5), que regula o ciclo de crescimento capilar, resultando em pelos mais longos e desgrenhados. Esse é um passo importante dado pela empresa Colossal Biosciences, que pretende reintroduzir o mamute-lanoso na natureza até 2028. Mas qual seria o interesse por trás do objetivo de trazer o mamute-lanoso de volta à vida? O animal, extinto pelo ser humano, desempenhava um grande papel ecológico, e seu desaparecimento mudou drasticamente o meio ambiente.
O Ártico está derretendo rapidamente, e uma das principais razões para isso é a degradação do permafrost, uma camada de solo permanentemente congelado que armazena enormes quantidades de carbono. Com o aumento das temperaturas, esse carbono é liberado na atmosfera, agravando o aquecimento global. Acredita-se que os mamutes poderiam ajudar a retardar esse processo ao pisotear o solo, derrubar árvores e permitir que gramíneas de clima frio voltem a dominar a paisagem. Essas gramíneas refletem mais luz solar e ajudam a manter o solo gelado por mais tempo, reduzindo o descongelamento do permafrost.
Além da questão climática, cientistas também veem a reintrodução do mamute-lanoso como uma forma de restaurar ecossistemas perdidos. Conhecido como estepe-mamute, esse ambiente era um vasto bioma dominado por grandes herbívoros, como rinocerontes peludos e bisões pré-históricos. Com a extinção dessas espécies, as florestas e os musgos tomaram conta do terreno, alterando o equilíbrio da biodiversidade. Os pesquisadores acreditam que, trazendo de volta o mamute, seria possível restaurar esse bioma, promovendo o retorno de outras espécies e criando um ambiente mais resistente às mudanças climáticas.
Apesar de muito noticiado, o estudo por trás dos ratos de pelo lanoso ainda carece de aprofundamento, pois não foi revisado por pares e não apresenta qualquer dado sobre a eficiência das mudanças nos roedores para, de fato, reproduzir suas funções biológicas essenciais para a vida do mamute-lanoso.
Por fim, o objetivo do estudo não é trazer de volta um mamute-lanoso como uma cópia dos animais já extintos, pois é impossível recriar um animal 100% compatível em genética, fisiologia e comportamento. A meta é criar um animal tão semelhante ao mamute-lanoso que possa prosperar e substituir a espécie extinta em seu papel ecológico.
matéria assinada por Romulo Maciel