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Motorista interrompe viagem depois que passageira de ônibus se recusa a usar máscara

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Há cerca de dois meses, Belém passou a enfrentar o novo Coronavírus com decretos para restringir a circulação de pessoas e diversas outras medidas de proteção. No último dia 24 de abril, um novo decreto municipal impôs a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção para quem precisar sair às ruas. Mudanças que afetaram o dia a dia de todos, inclusive de usuários e operadores do transporte público da capital.

Foi o caso do motorista de ônibus Daniel Monteiro, que nos últimos dias passou por uma situação inusitada em seus três anos como motorista do transporte público. “Desde que as medidas começaram a ser tomadas, todos os usuários que sobem no ônibus pedimos que coloquem as máscaras, para se proteger e proteger aos outros. Porém, em uma das paradas eu pedi para uma senhora que reagiu muito mal, se recusando a colocar a máscara. Optei por parar o veículo e disse que enquanto ela não colocasse, não iria seguir viagem e desci do ônibus com alguns passageiros”, conta Daniel, que só seguiu viagem após a Polícia Militar ser acionada para retirar a passageira do ônibus.

A atitude do motorista da linha Outeiro/Itaiteua – São Brás foi apoiada pelos outros passageiros, que evacuaram o coletivo e deixaram a senhora sozinha, segundo relatos, ela estaria cuspindo nas pessoas, o que colocava todos em risco. O momento foi registrado em um vídeo que circulou pela cidade. “A senhora quer morrer? Tem gente morrendo, use a máscara”, disse um passageiro, oferecendo uma máscara para a senhora, que permaneceu irredutível. “É por causa de pessoas como você que o Hospital Abelardo Santos está cheio”, criticou outra.

Além do compromisso profissional, a atitude de Daniel foi movida pela consciência de que cada um deve fazer a sua parte para conter a transmissão. “Nós sabemos que os próprios passageiros tomam atitudes para evitar que uma minoria ainda queira circular sem as máscaras. Mas é sempre bom lembrar que não seja feito nada de maneira hostil. Tenho filha e mulher em casa, preciso me proteger, assim como todos desse vírus”, justifica o motorista.

O uso de máscaras é só uma das inúmeras medidas adotadas nos transportes coletivos para frear o avanço da Covid-19 em Belém. “Nós seguimos com a higienização a cada viagem dos coletivos, sempre circulando com as janelas abertas e dando as devidas orientações para nossos operadores. Sabemos que eles não têm o poder de agir como um servidor da segurança, não têm força policial, mas estão fazendo o possível, de forma humanizada, orientando os usuários para aderirem às medidas de segurança seguindo à risca o que determina a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana e Prefeitura de Belém”, explica o diretor do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém (Setransbel), Natanael Romero.

As fiscalizações da higienização dos coletivos, assim como o cumprimento das demais medidas de segurança, são feitas diariamente pela SeMOB, que vai intensificar ainda mais o trabalho  no período de ‘lockdown’, que se iniciou nesta quinta-feira, 7. “Não é o papel só do Setransbel, nem só da SeMOB, é uma consciência coletiva que precisa ser adotada tanto da parte dos operadores do transporte, como dos usuários que ainda precisam utilizar diariamente este meio de locomoção. Precisamos de um esforço conjunto para superar essa batalha”, diz o superintendente da SeMOB Gilberto Barbosa.

 

Fonte: Agência Belém