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Família de vítima da covid-19 em Curuçá aponta descaso da prefeitura

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No último dia 25, Mariza Miranda Lobo, de 79 anos, morreu vítima da covid-19, a doença causada pelo coronavírus sars-cov-2. Ela foi o primeiro óbito confirmado da pandemia no município de Curuçá. A família dela afirma que a prefeitura, conduzida pelo prefeito JEFERSON FERREIRA DE MIRANDA (Tarrafa)foi displicente em todo o processo, até o funeral. E a despedida foi o que familiares consideraram descaso e desrespeito. A prefeitura garante que fez tudo certo.

A saga de Mariza, em busca de atendimento, começou no dia 16 de abril, no Hospital Municipal de Curuçá (HMC). Mas antes, relata uma filha dela — que prefere ter a identidade preservada —, a idosa já havia buscado ajuda outras vezes no mesmo local.

No dia 16, ela deu entrada no HMC e foi transferida, no dia seguinte, para o Hospital Regional Público do Leste do Pará, em Paragominas. A família foi informada que o óbito ocorreu, aproximadamente, às 12h do dia 25. A filha de Mariza conta que o corpo só chegou na localidade de Marauá (interior de Curuçá) às 20h. A família teve dificuldades em acessar o município, por conta das barreiras sanitárias da cidade.

Quando o corpo chegou ao cemitério municipal, ressalta a filha de Mariza, os funcionários da funerária disseram que o coveiro não estava paramentado de forma adequada para o procedimento. Ele usava touca, avental e máscara e luvas (tudo em TNT e descartável). Mas não tinha botas e nem macacão. Os próprios funcionários estavam melhor equipados. A família acionou a prefeitura, que quase duas horas depois, mandou um veículo da Guarda Municipal e da Vigilância em Saúde. Levaram os mesmos EPIs que o coveiro já tinha. Daí ele se recusou a seguir com sepultamento. A família deu razão a ele. Moradores da área arranjaram botas e uma capa de motociclista.

Para tentar reverter o desafio de se despedir dignamente de Mariza, a família tentou apelar ao gestor da funerária, para que ele liberasse os funcionários, que estava bem equipados, a ajudar no enterro. O gestor negou e disse que a prefeitura deveria se responsabilizar pelo coveiro. Diante do impasse, os funcionários ajudaram mesmo assim. Levaram a urna e o coveiro apenas fechou a cova. Passava de meia-noite. Uma noite de tristeza e revolta. A filha da idosa disse que só queriam tratamento digno e amparo. Não queriam dinheiro ou qualquer outra coisa.

“Desde o começo, a minha mãe foi tratada com descuido, antes mesmo de ser encaminhada para o hospital em Paragominas. Após o óbito, a prefeitura não deu suporte nenhum pra gente com relação à paramentação do coveiro”, criticou a filha de Mariza.

A filha prosseguiu: “Ficamos mais de duas horas com o corpo dela na porta do cemitério, esperando por alguma atitude adequada da Prefeitura de Curuçá, porque estávamos respeitando todas as orientações de nos manter afastados do corpo da minha mãe e de não ter contato algum sem estar devidamente paramentado. Tinha um carro da Guarda Municipal de Curuçá e um da saúde, só de enfeite, mas sequer desceram do carro pra conversar com a gente. Foram embora e nos deixaram de braços atados. Uma falta de respeito com a família e com a situação, que já era difícil e acabou se tornando um pesadelo em nossas vidas”, concluiu.

 

Prefeitura de Curuçá afirma que seguiu protocolos, mas pede desculpas

 

Em nota publicada nas redes sociais digitais, a Prefeitura de Curuçá disse que tomou conhecimento da morte de Mariza por denúncias em redes sociais digitais, mas que não foi procurada nem pelo Hospital Regional do Leste do Pará e nem pela família de Mariza. A família contesta essa informação. Ainda no posicionamento, a prefeitura garantiu que entrou em contato com a família e então levou os EPIs ao coveiro, que não é funcionário da prefeitura.

CONFIRA O POSICIONAMENTO COMPLETO:

 

Fonte: OLiberal.