Desde o início da tarde deste domingo, 19, dezenas de pessoas fazem fila em frente e na rua lateral da única lotérica do município de Salvaterra (PA), na Ilha do Marajó. Em áudio nos grupos da cidade, um homem informa que cambistas estão vendendo vagas por R$ 45 para quem quiser receber os R$ 600 do Auxílio Emergencial da pandemia de coronavírus sem passar a noite na fila.
O cenário mostra o nível de sacrifício que a comunidade precisa fazer para receber o “coronavoucher”. A falta de informação, o desinteresse do poder público e as dificuldades de acesso à internet contribuem para alimentar o sofrimento de quem precisa sacar o dinheiro mas deveria estar evitando aglomeração e reduzindo os riscos de contaminação pelo coronavirus.
Como a população de cerca de 23,7 mil habitantes, dos quais mais da metade reside na área rural, Salvaterra confirmou em 18 de abril o seu primeiro caso de Covid-19. Como os efeitos da pandemia ainda estão no início, a população da cidade ainda não está habitua dá ao uso de máscaras e a manter distância quando há a necessidade de aglomeração, a exemplo do que ocorre nos serviços bancários e no comércio. No dia 15, por conta de brigas e tumultos, a dona da Lotérica ameaçou fechar as portas da única representação de serviços da Caixa Econômica Federal no município.
Em Soure, município vizinho, do lado de fora da lotérica, a população foi acomodada em cadeiras que demarcam perfeitamente o espaço necessário para evitar a contaminação. Em Salvaterra, não há senha para o atendimento e as pessoas causam confusão também pelo temor de perder a vez na fila, após longas horas de espera. Outro fator que causa angústia a população, e poderia ser resolvido com o apoio do poder público, é a falta de informação sobre qual o pagamento está sendo feito e se há saldo para receber. um aplicativo da Caixa fornece essas informações o que poderia reduzir o número de pessoas nas filas, mas a comunidade não tem smartphone nem acesso à internet para chegar a essa informação.
Fonte: Extra do Pará
